sábado, 12 de agosto de 2017
UMA BREVE ANÁLISE ACERCA DA DIALÉTICA MICRO/MACRO NA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Trataremos no ensaio sobre o texto A Dialética Micro/Macro na Sociologia da Educação, encomendado para o GT Sociologia da Educação da ANPEd em 2000, produzido por Zaia Brandão, lotada no Departamento de Educação da PUC-Rio, publicado em um dos mais importantes periódicos da FCC - Fundação Carlos Chagas, o Cadernos de Pesquisa, em Julho 2001. O objetivo da abordagem é trazer de maneira mais acessível e sintética a análise feita pela autora acerca da dialética micro/macro em referência à produção dos estudos sobre a sociologia da educação, bem como esclarecer a interação/relação/diferença entre micro e macrossociologia na produção científica no passado e na atualidade.
Zaia Brandão organizará o seu texto em 5 partes, são elas: INDIVÍDUO E SOCIEDADE, A TENSÃO BÁSICA NA SOCIOLOGIA; AS BASES EPISTEMOLÓGICAS DAS ORTODOXIAS E SUA SUPERAÇÃO; O NOVO MOVIMENTO TEÓRICO SEGUNDO JEFFREY C. ALEXANDER; AS TRADIÇÕES NA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO e DA REDUÇÃO À LIGAÇÃO: SUPERANDO OS MONISMOS METODOLÓGICOS. A abordagem será dada de maneira individualizada acerca de cada área citada acima, facilitando assim o melhor entendimento sobre o que é proposto. Então, podemos saber, que a autora trará como proposta central um panorama da constituição das tradições e escolas que fundamentam essas perspectivas concorrentes - a perspectiva da análise microssocial e a perspectiva da análise macrossocial - na interpretação dos fenômenos sociais e sua defesa acerca da superação aos antagonismos teórico-metodológicos entre as abordagens micro e macrossociológicas.
É compreensível na análise proposta por Zaia - aceitável, inclusive -, que não há de ser possível executar uma análise conceitual sobre uma parte sem se considerar o todo, ou, analisar o todo sem se considerar a parte. É exatamente por isso que ela irá definir esse momento do texto como: indivíduo e sociedade, a tensão básica na sociologia. Há análises que abordam o uso metodológico microssocial, ou seja, buscam nos indivíduos respostas para como se dá seu papel e o modo como é seu comportamento frente à sociedade. Há também, em contrapartida, os que analisem a sociedade para essa mesma compreensão, ou seja, os que optam por uma análise mais estrutural, então, acerca da macrossociologia. Ora, é lógico que a análise empírica acaba se tornando frágil, ou, somente hipotética, mais distante do real, quando se pretende destacar, e aqui estou me referindo somente ao campo da sociologia, a parte do todo, ou o todo da parte, para verificar informações antes não traduzidas. A escolha pelas palavras "indivíduo e sociedade" e "tensão básica", pretende mostrar essa relação: como falar sobre o indivíduo sem se considerar a sociedade? E como falar em sociedade sem se considerar o indivíduo? Torna-se quase impossível, ou até mesmo leviano, pensar em tal possibilidade se houver intenção em verificar idoneamente questões de suma importância, como por exemplo, análises acerca da educação e acerca do (as) desenvolvimento/relações inerentes ao convívio social.
Já sobre as bases epistemológicas das ortodoxias e sua superação, Zaia se apoiará sobre as novas sociologias (Corcuff, 1995) e o novo movimento teórico (Alexander, 1987), onde ambos tendem a superar esse modelo clássico de análise - de análise somente microssocial ou somente macrossocial - e defender que o coletivo é individual e que os níveis microssociais constroem gradativamente padrões de ações e representações que se consubstanciam em estruturas de níveis macrossociais. Isto é, uma nova sociologia que fosse capaz de elucidar tanto os processos que fossem das estruturas sociais às interações, como das interações às estruturas sociais. Com efeito, adequando essa nova base teórica para análise, quer seja da interação, quer seja das estruturas sociais, anula-se então àquelas bases ortodoxas, e com toda razão, que já se mostraram ultrapassadas na avaliação científica, como por exemplo: analisar do lado de "dentro" da cena, ou seja, mais próximo do objeto; analisar através de uma visão panorâmica, ou seja, de "fora da cena". Para isto, há de superar, porém, o olhar existente sobre a reprodução dos papéis e posições sociais, bem como, supondo a incomensurabilidade do social, descarta as tentativas de teorização mais geral sobre a sociedade.
De acordo com a autora, que agora se apoiará em Jeffrey C. Alexander para defender o novo movimento teórico, a sociologia precisava, urgentemente, definir um novo modelo teórico, pois, em virtude de seu caráter multiparadigmático, as argumentações e teorias anteriores sempre se encontram divididas entre escolas e tradições ortodoxas. Com efeito, dá-se então, na atualidade, um enorme conflito entre teorias, um enorme conflito entre práticas de análises empíricas, dificultando e, caminhando na contramão, no que tange o avanço sobre as questões que deveriam ser primordiais no estudo sobre sociologia, mais precisamente, sobre a sociologia da educação, que é o que nos interessa aqui. No texto proposto por Zaia, essa abordagem se dá na seção o novo movimento teórico segundo Jeffrey C. Alexander. É ainda nessa seção que poderemos saber sobre a multiplicação das perspectivas microssociais, dada, após a Segunda Guerra, em virtude do insucesso parsoniano ao tentar compatibilizar o idealismo e o materialismo, a ação voluntária e a determinação estrutural.
É então a partir daí que torna-se possível analisar a teoria das trocas, para Homans, onde o comportamento individual desenvolveu-se independentemente de normas sociais definitivas, pois as condições sociais objetivas articulam-se à vida cotidiana, produzindo situações a partir das quais os atores desenvolvem os seus cálculos e orientam suas ações no mundo social; já no interacionismo simbólico, para Blumer, os significados resultam das relações sociais que se estabelecem em cada circunstância (em razão das reações do outro), e o que define as atitudes são as imagens, significados, sinais e linguagens que interagem na definição das situações em que se encontram os atores sociais; para a etnometodologia, defendida por Garfinkel, sabe-se do desenvolvimento a partir de uma inovação metodológica (etnometodologia) que se pretendia mais adequada ao conhecimento de como os atores constroem suas próprias normas em situações (culturais) específicas do cotidiano e com o recurso à linguagem. Em contrapartida, existem os defensores das perspectivas macrossociais, os "teóricos do conflito", que por não reconhecerem a ligação entre ação e cultura, ou, agente e estrutura, acabam fugindo da complexidade que existe envolta no processo das relações e das transformações sociais.
Acerca da "nossa casa", quando a autora trata de falar sobre as tradições na sociologia da educação no Brasil, fica claro a hegemonia das teorias macrossociais nos estudos produzidos desde os anos 60 até os anos 80. Bastante tímida, se deu nos anos 50/60, uma escolha, motivada pela Escola de Chicago, pelos estudos microssociais, que foram desenvolvidos pelo CBPE - Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, mas, logo esse terá seu fechamento decretado, o que limitará por aí essa adesão da parte dos pesquisadores. O que se manterá forte no Brasil, nas décadas de 60 e 70, será a presença de uma análise voltada para o espelhamento da estratificação social na estrutura do sistema escolar, motivados pelo uso demasiado de dados demográficos e indicadores socioeconômicos para interpretar o caráter antidemocrático da escola brasileira. É a partir de 1982 que isso muda um pouco, porém não com muita força, quando o INEP - Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos encomenda um estudo - à própria Zaia Brandão - sobre a evasão e repetência no Brasil. Não ganhando muitos adeptos dispostos a articular as questões micro e macrossociais, segue ainda muito pouco abordada essa perspectiva, mas não ausente, como tanto desejaria o neoliberalismo e suas estratégias políticas, visto que, se torna muito mais aceitável manipular dados empíricos através das análises macrossociais.
Com efeito, a ligação entre as relações micro e macro estão se tornando cada vez mais atraentes aos pesquisadores, o que parece ser um excelente resultado, bem como ser prova de que algumas teorias precisam de um certo amadurecimento para se comportarem e atuarem como devem. Acerca disso, adentraremos ao último nível do texto escrito por Zaia: da redução à ligação: superando os monismos metodológicos. É aqui que estará visível não uma defesa demasiada à microssociologia, nem ao desuso da macro, mas, uma conclusão onde podemos identificar que há uma real necessidade em romper com o monismo e acreditar que há, contudo, uma necessidade em unir o elo entre micro e macro, bem como na utilização da diversificação entre métodos, pois, o mundo da experiência possui uma capacidade inesgotável de recriar e construir novas formas de interações.
domingo, 16 de julho de 2017
A DESCRIÇÃO DE UMA TARDE
Uma cortina de pessoas se
deslocava: algumas delas em transe; já outras, conscientes em demasia, estavam
desesperadas para que aquele sacrifício chegasse logo ao fim. O chão de barro
socado, buraco, poças, resto de feira, fome, sangue e sofrimento recebia, sem
reclamar, as “marcas digitais” de sapatos que outrora haviam desfilado em
mármore fino e tapete planaltino.
A “administração local” havia
recebido o informe – informal – anteriormente para que, durante a romaria,
ocupassem os postos da inexistência, do ocultamento, de modo a entender que de
tudo seria possível naquela região, menos o controle por parte de meia-dúzia de
“revolucionários” semianalfabetos de cor espúria. Feito o (con)trato, tal qual
precisou de um intercessor chamado capital “beneficente”, estava liberado o
parque de diversões.
Dois ou três homens socialmente
aceitos detinham pastas, câmeras, canetas e crachás pendurados. Vestiam-se de
roupas televisivas, charmosas, conhecidas de todos naquele local: de alguns
pelo seu uso; já de outros, simplesmente pelo seu manuseio e comprometido
tratamento. No centro daquele reboliço um carismático sujeito de barba feita,
sem paletó e gravata no repertório, com as mangas dobradas da sua camisa branca
que, nas entrelinhas, diziam sem o pronunciamento de uma palavra, o seguinte
texto: “Mãos à obra”. Este ao centro era o eixo de uma multidão de Marias e
Josés, de Joãozinhos da Silva empolgados e seus joelhos acinzentados. Mais afastado
um pouco, um dos dois ou três homens, registrava tudo em cliques para que nada
se perdesse, afinal, quatro anos é um tempo bastante considerável.
Como de costume, pois nem mesmo
um residente de manicômio faria diferente, reuniram-se em volta do campinho e
suas traves sem rede já enferrujadas. Na pracinha assentada ao lado, os
balanços, agora, eram compreendidos apenas por sua estrutura, já que, sua
consulta mais recente, datava da última cordial visita. As gangorras ainda
resistiam, respirando por aparelhos, mas resistiam. O escorrega ainda estava
lá, de pé, com um enorme buraco em sua chegada que emocionava os mais jovens,
mas que o tornava praticamente inutilizável em dias pós-chuvas, buraco este que
justificava o constante uso do instrumento. O cenário em questão configurava a
Disneylândia dos humildes, seu último e maior requerimento, tendo em vista que
tudo o mais lhes era apenas prometido e afogado em desuso, descrédito e
considerado desumano ou excesso.
Lá ao fundo, há uns cinquenta
metros de distância, muros altos que se tornaram painéis artísticos originais
produzidos pelos frequentadores daquilo que podemos chamar de ferramenta de
docilização. Não mais que dois andares, janelas em cortes horizontais
protegidas por grades – pois é arriscado demais para os frequentadores vãos
àquela altura, como se eles não fossem experientes ao se aventurar empinando
pipa em lajes quatro vezes superiores àquele pé direito –, prédio em formato
retangular, uma quadra poliesportiva no térreo, nada mais, ou nada menos que, a
saber: a escola.
Entre os dois aparelhos – digo a pracinha
e a escola –, também com motor robusto e pintado de preto, mas sem ser o “caveirão”
desta vez, um meio-caminhão-comício com bandeirolas, faixas e bolas de gás a
fim de romantizar o teatro. Feita a passagem de som e sua verificação positiva,
autoriza-se a distribuição de guloseimas, carrinhos azuis e bonecas rosa de
fabricação chinesa, broches e adesivos, confetes e serpentinas. Quanta festa!
O homem branco de barba feita
prepara a sua garganta com mais um gole de água gelada, gentilmente trazida em
garrafa pet por uma das mais antigas moradoras: Dona Marlene. Retribui o gesto,
amargo e preocupado por dentro dada à procedência da água servida em copo que
outrora fora reservatório de milho, ervilha ou geleia de mocotó, com um beijo
na testa de Dona Marlene; em seguida, com as duas mãos no rosto daquela senhora
de pele oleosa e enrugada, com o olhar de quem fita o seu mais precioso bem,
sorri o homem e, com um apertado e confortável abraço, encerra aquele ato.
Caminha ao palanque, o louvável e admirável homem do povo, como o mártir dos
mais humildes. Quanta beleza!
Ao se elevar, bem como é elevado
o bondoso Deus – ou Deusa – aos religiosos, palmas, assobios e gritos de
veneração são proferidos. Aquele generoso homem letrado, primogênito da
aristocracia mais conservadora já conhecida, discursa calorosamente aos
desocupados que, de acordo com o discurso comum, escolheram o ócio e a
marginalidade como profissão. Mais uma vez, como se a memória fosse material
descartável, repete tudo aquilo que já teria dito tempos atrás. Todos escutam,
mas sem ouvir, o conjunto oratório de palavras motivadoras, empreendedoras, de
esperança e comprometimento com a mudança. Ao lado dele, a fim de garantir
legalmente toda e qualquer necessidade possível, o padre da paróquia, o pastor
comunitário líder de rebanhos, o presidente da associação de moradores e não
mais que quatro ou cinco Marias e Josés vestidos de uniformes com siglas
partidárias e sua respectiva legenda que, como sabemos, variam entre os 15 e 45
graus (de cinismo, covardia, ou, seja lá o que for). Quanta tragédia!
Trinta minutos se passaram: segue
a carreata. O fervor que rondava aquele grande encontro perde, gradualmente, o seu
encanto. Uma van cinza, descaracterizada e vidros escuros, bem escuros, mais
dois carros de escolta, surgem: encostam ao lado do picadeiro; de fora, os
palhaços apenas assistem – tão pobres e coitados como antes, talvez, até mais.
Adeuses e contaminações, todos, em seus devidos lugares – missão cumprida. Lá
fora os camburões aguardam na fila, pois, desejam enormemente cumprir com os
seus protocolos diários. Aqueles que precisaram se esconder voltam aos postos
de antes, empunhando aquilo que lhes garante a liderança, prontos para o caos
que é a realidade os esquecidos.
Eu, sinceramente, não sabia o
lugar em que estava. Não sabia, pois, não conseguia entender o que é isso que
acontece. Quem sabe, na mais otimista das possibilidades, não passasse tudo isso
de uma ilusão.
Grita o meu relógio: acordo do
pesadelo que é a vida.
sábado, 15 de julho de 2017
VOTAR: o seu significado e algumas leituras.
Um exemplo de falas que não dizem
nada de interessante são aquelas falas reprodutoras do ódio, são as falas
fascistas, são as falas homofóbicas, são as falas xenofóbicas, são as falas
racistas e que desintegram a vida das pessoas; a vida que deveria ser tratada
como o maior bem existente.
Como eu não sou conhecido
popularmente, como eu não sou famoso, como eu não compreendo um padrão estético
socialmente aceito e a nossa sociedade dá mais valor ao olhar que ao sentir,
como eu não sou detentor de posses e por essa minha indignação se apresentar
como uma forma de reação, talvez o que eu diga aqui não seja ouvido, todavia,
SE EXPRESSAR é uma possibilidade da democracia, logo, direi eu aquilo que
entendo que seja justo dizer.
Falar é um verbo que vem do latim
fabulare, que significa fábula, rumor, lenda, mito, conto... E por isso eu
escolhi dizer, pois dizer tem parentesco etimológico com outras palavras que
significam a apresentação de ideias, de conceitos, de posicionamentos. Tenho um desafio com isso: como
dizer algo que seja de fato útil? Como dizer algo para alguém que eu sequer
conheça e que, eventualmente, assistirá a esse vídeo? Bom, como não pretendo
ser injusto, procurarei dizer aquilo que sinto, aquilo que possivelmente o
outro não saiba; procurarei dizer aquilo que de mais profundo possa sair de
mim, e certamente é aquilo que pensa no próximo, que pensa no coletivo, que
pensa no social muito mais do que aquilo que pensa apenas no privado.
E por sentir, quero começar
dizendo que sinto muito pelo cenário atual no qual estamos inseridos! Digo que
sinto muito e digo que, ao mesmo tempo em que precisamos assumir as nossas
responsabilidades dado a dedicação dos nossos votos aos políticos X ou Y,
devemos nós, também, deixar de sentir desejo pela morte, pelo sofrimento, pela
individualidade e pela solidão que, comumente, só servem aos artistas, aos
loucos, e aos poetas.
E já que vamos falar do cenário
atual, vamos falar sobre VOTAR!
O que seria, então, votar?
Votar nada mais seria do que “depositar
confiança”, “acreditar”.
Nós votamos durante a nossa vida
inteira, e digo isso sem medo de qualquer prejuízo.
- Votamos naqueles que seguram as
nossas mãos quando estamos dando os nossos primeiros passos, ainda tortos, mas
cheios de otimismo. Votamos neles quando nos soltam e, sozinhos, descobrimos o
sentimento da liberdade que é seguir. Neles nós votamos, nós depositamos, a
nossa confiança;
- Votamos naqueles que seguram a
nossa bicicleta no dia em que tiramos as rodinhas. Votamos neles quando dizem: “vá
em frente” e nós vamos, cambaleando, cheios de medo, mas seguros de que nada
irá nos acontecer porque alguém de nossa confiança nos disse que nada
aconteceria;
- Votamos naqueles amigos de
infância quando contamos a eles os nossos segredos sobre não ter feito o dever
de casa. Votamos neles e acreditamos que eles jamais seriam capazes de nos denunciar
pra quem quer que fosse. Mais ainda, esperamos que eles saibam solucionar os
nossos problemas que até aí são apenas alguns joelhos ralados e o nosso nariz
escorrendo. Depositamos neles toda nossa confiança;
- Ainda na infância, votamos nos
nossos familiares, responsáveis por nós, a confiança de que não nos faltará o
que comer, o que vestir, que não nos faltará um abrigo confortável e seguro,
que não nos faltará afeto, oportunidade etc. Depositamos nos nossos familiares
a confiança de que eles são o nosso maior porto seguro;
- E os nossos familiares também
votam em nós quando assumem todos esses compromissos anteriormente citados.
Votam quando dedicam o seu tempo e o seu trabalho aos nossos cuidados e
bem-estar, na nossa educação, no nosso fomento. Mesmo que possam nos dar apenas
o amor, saibam, este também é um voto. Saibam que eles estão votando em nós,
estão depositando em nós toda a sua confiança possível;
- Votamos quando estamos
escrevendo o nosso projeto para a feira de ciências e acreditamos que ele seja
um bom resultado dos nossos estudos;
- Votamos naquela primeira paixão
da adolescência, e votamos tanto que dizemos: “que seja para sempre”;
- Votamos na escolha de uma
profissão e esperamos que ela nos dê subsídios suficientes para o sustento de
nossas vidas;
- Votamos quando escolhemos nos
casar ou não, ter filhos ou não, viajar ou não, comprar o disco novo do Zeca
Baleiro ou não, dormir até tarde no domingo ou não, enfim, depositamos em tudo
os nossos votos de confiança e esperamos de tudo algo em troca: uma satisfação,
um reconhecimento, uma lembrança... Mas, quando não recebemos nada em troca; ou
quando recebemos em troca o inverso daquilo que esperávamos, nós nos sentimos
traídos! Nos sentimos fracos, impotentes, amargos, de coração partido. Nos
sentimos adoecidos, de modo que a vida acaba se tornando algo sem prazer algum,
nos afundando, assim, no poço da individualidade.
Suponho que estamos
desacreditados da política no Brasil, dentre outras, por conta dos sentimentos negativos que
citei previamente, e se estamos assim, estamos de maneira inconsciente na
maioria dos casos.
Votamos, votamos, votamos,
votamos, votamos, votamos e, mesmo assim, ainda não aprendemos a votar. Votamos
durante a vida inteira e não aprendemos a votar. Deveríamos ser profissionais
nisso, gente!
Não aprendemos a votar porque
estamos inseridos num meio que, em vez de complicarem os votos, eles complicam
as eleições. O que está complicado, no final, não são os votos, mas as eleições.
Há de me perguntar: Mas de qual
eleição você fala? Eu falo daquela eleição que pensa nos outros! Eu falo da
eleição que pensa na comunidade antes de pensar na individualidade! Falo da
eleição que está desesperadamente querendo eleger o bem-estar, a harmonia e o
amor! Essa é a eleição oposta à eleição da vaidade! É oposta à eleição ego! É
oposta à eleição do orgulho.
Mas não se sinta perdido, mesmo
se tiver em apuros. Por mais que pareça utópico não se sinta perdido porque há
uma solução!
Não pense que em outras épocas
tenha sido fácil! Não! Não foi! Sem voltar muito tempo, vamos no século XVI
lembrar dos corpos que foram sacrificados na luta política que resultou na
Reforma da Igreja Católica; Vamos nos lembrar de quantos escravos no Brasil e
pelo mundo afora foram derrubados em busca da liberdade; vamos nos lembrar dos
milhões de pessoas que sofrem no Oriente Médio; vamos nos lembrar de quantas
mulheres, homens, idosos e crianças foram exterminados na Alemanha nazista;
vamos nos lembrar do povo negro e pobre que morre até hoje no Brasil por conta
da cor de sua pele e da sua classe social; vamos nos lembrar daqueles que vivem
sem-terra e são massacrados como foram em Eldorado e como foram em Santa Lúcia...
vamos nos lembrar...Vamos nos lembrar que nós somos parte de um experimento
social chamado mundo e que esse mundo é um movimento, ora constante, ora
acelerado, mas que nunca está inerte e por isso devemos segui-lo e seguir não
significa aceitar a tudo aquilo que nos é imposto!
Vamos nos lembrar que em cada
corpo derrubado, em cada vida sacrificada, em cada sonho eliminado sempre
existiu o interesse de alguém que estava buscando soberania, que estava
buscando ser o dominador, que estava buscando o pior dos males: o lucro!
Principalmente desde 2016 vivemos
tempos sombrios aqui no Brasil. Antes disso, porém, boa parte do nosso
jornalismo se comprometeu a mentir publicamente, confundindo nossas cabeças por
interesses que não são nossos, mas, por ser o resultado do trabalho
jornalístico uma espécie de pedagogia aos populares, nos colocamos como servos
desse material e suas inverdades que são no mínimo covardes. Que são
covardes...
Um chefe no EXECUTIVO NACIONAL,
um PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL que não recebeu um voto sequer
para estar lá! E se ele recebeu votos como muitos dizem, pois era o
vice-presidente de uma chapa, que ele tivesse saído junto com a presidenta que,
a saber, foi eleita por mais de 54 milhões de votos – votos conscientes ou não,
mas foi o que de fato aconteceu!
Essa saída dele não foi possível.
E por quê? Porque o PMDB e seus aliados tinham um plano! Tinham e ainda têm! Um
plano que coloca o povo brasileiro na condição de escravidão novamente. Uma
escravidão moderna, atual. Uma escravidão que eles dizem ser a modernização das
Leis Trabalhistas!
Se pensarmos cronologicamente,
tomando como base a Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943 e a Constituição
Federal de 1988, ambos os instrumentos jurídicos que tratam de Direitos do
cidadão e do trabalhador, certamente estão modernizando quando modificam esse
instrumento jurídico em 2017. No entanto, EM HIPÓTESE ALGUMA, essa modernização
em termos cronológicos, temporais, significa que seja uma modernização que
traga benefícios ao povo!
Um EXECUTIVO FEDERAL liderado por
Michel Temer, denunciado pela Procuradoria Geral da República por corrupção
dado o recebimento de propinas astronômicas desde 2010 e, mais recentemente, a
famosa mala da JBS que continha 500 mil reais. Que tipo de representação essa
liderança traz para o povo do País se ela mantém laços estreitos com o bloco
empresarial de maior influência do Brasil?
Um EXECUTIVO FEDERAL que remaneja
membros da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados Federais
para que ela vote favorável um parecer que, dias antes, teria sido considerado
válido por Sérgio Zveiter (integrante do mesmo PMDB) e tratava do reconhecimento
e seu envolvimento direto com a JBS e o recebimento de propinas...
Um EXECUTIVO NACIONAL que
encomenda Projeto de Lei que trata da terceirização da mão-de-obra; que
encomenda Projeto de Lei que Reforma o Ensino Médio; um EXECUTIVO NACIONAL que
encomenda Projeto de Lei que trata da Reforma Previdenciária já tão cara aos
trabalhadores e trabalhadoras desse país; um EXECUTIVO NACIONAL que distribuiu
emendas parlamentares que, somadas, chegam na casa dos BILHÕES de reais, tudo a
fim de aprovarem o texto da REFORMA TRABALHISTA e concluírem o pacto feito
junto à FIESP e outras grandes bolhas da concentração de capital...
Muitos os chamaram e ainda os
chamam de MALUCOS COMUNISTAS, no entanto, pergunto: será que Marx e Engels
estavam mesmo malucos quando denunciaram em 1848 no MANIFESTO que “o governo moderno seria um
comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa”? Se eles
estavam malucos, se eram malucos, isso não me importa, sinceramente. Não me
importa porque não vejo NENHUMA FALHA NO DISCURSO DELES quando disseram que “o
governo moderno seria um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe
burguesa”!
A aristocracia do serviço público
federal brasileiro consome tanto recurso financeiro que, somente para o orçamento
relativo ao pagamento de pessoal em 2017 na escala Federal, o governo terá
disponível nada mais nada menos que 306 bilhões e 900 milhões de reais. Se
pegarmos todo esse dinheiro e dividirmos pela população brasileira hoje, digo a
população GERAL, INCLUSIVE AQUELES E AQUELAS QUE AINDA NÃO TRABALHAM E NEM
ESTÃO PERTO DE TRABALHAR DADA SUA IDADE, teremos o valor individual de 1477
reais e alguns centavos. Ou seja, se pegarmos o gasto da aristocracia do
serviço público federal teremos dinheiro o suficiente para depositar 1477 nas
mãos de cada popular desse país. Segundo os dados do IBGE no censo de 2010, em
média, cada domicílio é composto por 3,3 brasileiros. Cada família receberia,
então, algo em torno de 4.874 reais, valor que significa mais do que 5 salários
mínimos atualmente.
Calma, essa conta ainda não
fechou. Os 306 bilhões e 900 milhões de reais é o orçamento designado para
pagar cerca de 2 milhões e 200 mil funcionários, o que significa,
aproximadamente, 10% da população TOTAL DO PAÍS. Os dados são do Boletim
Estatístico de Pessoal, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
divulgados em 2016. Desconsiderando os serviços terceirizados, por exemplo,
sabe quanto custaria cada membro do serviço público federal por ano? Pasmem:
139.500 reais (parece ser pouco, mas aqui eu estou considerando TODOS OS
FUNCIONÁRIOS E NÃO SOMENTE OS POLÍTICOS). Considerando o salário mínimo atual
de 937,00 reais, sabe quanto tempo um trabalhador que recebe um salário mínimo
levaria para somar a quantia de 139.500 reais (e aí não considerando nenhum
gasto)? Aproximadamente 149 meses. Em anos? Aproximadamente 12 anos e meio.
Senhoras e senhores, essa conta
está errada! Não é possível que o valor de um funcionário público federal por
ano seja o mesmo que custa um trabalhador comum por 12 anos e meio! Existe um
déficit de 11 anos e meio entre 205 milhões de pessoas (aqueles que não são
funcionários públicos federais) versus 2.2 milhões de outras pessoas (que são
os funcionários públicos federais).
Que este não seja um clamor para
o enfraquecimento do Estado, mas que o Estado seja transformado numa estrutura
que beneficie TODOS na MESMA PROPORÇÃO!
Não aceitemos o sucateamento dos
nossos direitos!
Que os próximos episódios sejam
regados pela vitória do povo.
Que nós saibamos votar com os
sentidos e não com os olhos.
Que aprendamos a amar ao próximo.
Eu sou Diego Muniz, um humilde
poeta e estudante de Ciências Sociais.
Fico por aqui.
quinta-feira, 13 de julho de 2017
BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO?
A postagem do Blog trás, hoje, uma pesquisa que está sendo desenvolvida a fim de encontrar algumas respostas acerca do tema violência. Agradecemos aos que puderem preencher e compartilhar essa publicação. <3 Para tal, basta clicar no link abaixo que os direcionará ao google docs.
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