Um exemplo de falas que não dizem
nada de interessante são aquelas falas reprodutoras do ódio, são as falas
fascistas, são as falas homofóbicas, são as falas xenofóbicas, são as falas
racistas e que desintegram a vida das pessoas; a vida que deveria ser tratada
como o maior bem existente.
Como eu não sou conhecido
popularmente, como eu não sou famoso, como eu não compreendo um padrão estético
socialmente aceito e a nossa sociedade dá mais valor ao olhar que ao sentir,
como eu não sou detentor de posses e por essa minha indignação se apresentar
como uma forma de reação, talvez o que eu diga aqui não seja ouvido, todavia,
SE EXPRESSAR é uma possibilidade da democracia, logo, direi eu aquilo que
entendo que seja justo dizer.
Falar é um verbo que vem do latim
fabulare, que significa fábula, rumor, lenda, mito, conto... E por isso eu
escolhi dizer, pois dizer tem parentesco etimológico com outras palavras que
significam a apresentação de ideias, de conceitos, de posicionamentos. Tenho um desafio com isso: como
dizer algo que seja de fato útil? Como dizer algo para alguém que eu sequer
conheça e que, eventualmente, assistirá a esse vídeo? Bom, como não pretendo
ser injusto, procurarei dizer aquilo que sinto, aquilo que possivelmente o
outro não saiba; procurarei dizer aquilo que de mais profundo possa sair de
mim, e certamente é aquilo que pensa no próximo, que pensa no coletivo, que
pensa no social muito mais do que aquilo que pensa apenas no privado.
E por sentir, quero começar
dizendo que sinto muito pelo cenário atual no qual estamos inseridos! Digo que
sinto muito e digo que, ao mesmo tempo em que precisamos assumir as nossas
responsabilidades dado a dedicação dos nossos votos aos políticos X ou Y,
devemos nós, também, deixar de sentir desejo pela morte, pelo sofrimento, pela
individualidade e pela solidão que, comumente, só servem aos artistas, aos
loucos, e aos poetas.
E já que vamos falar do cenário
atual, vamos falar sobre VOTAR!
O que seria, então, votar?
Votar nada mais seria do que “depositar
confiança”, “acreditar”.
Nós votamos durante a nossa vida
inteira, e digo isso sem medo de qualquer prejuízo.
- Votamos naqueles que seguram as
nossas mãos quando estamos dando os nossos primeiros passos, ainda tortos, mas
cheios de otimismo. Votamos neles quando nos soltam e, sozinhos, descobrimos o
sentimento da liberdade que é seguir. Neles nós votamos, nós depositamos, a
nossa confiança;
- Votamos naqueles que seguram a
nossa bicicleta no dia em que tiramos as rodinhas. Votamos neles quando dizem: “vá
em frente” e nós vamos, cambaleando, cheios de medo, mas seguros de que nada
irá nos acontecer porque alguém de nossa confiança nos disse que nada
aconteceria;
- Votamos naqueles amigos de
infância quando contamos a eles os nossos segredos sobre não ter feito o dever
de casa. Votamos neles e acreditamos que eles jamais seriam capazes de nos denunciar
pra quem quer que fosse. Mais ainda, esperamos que eles saibam solucionar os
nossos problemas que até aí são apenas alguns joelhos ralados e o nosso nariz
escorrendo. Depositamos neles toda nossa confiança;
- Ainda na infância, votamos nos
nossos familiares, responsáveis por nós, a confiança de que não nos faltará o
que comer, o que vestir, que não nos faltará um abrigo confortável e seguro,
que não nos faltará afeto, oportunidade etc. Depositamos nos nossos familiares
a confiança de que eles são o nosso maior porto seguro;
- E os nossos familiares também
votam em nós quando assumem todos esses compromissos anteriormente citados.
Votam quando dedicam o seu tempo e o seu trabalho aos nossos cuidados e
bem-estar, na nossa educação, no nosso fomento. Mesmo que possam nos dar apenas
o amor, saibam, este também é um voto. Saibam que eles estão votando em nós,
estão depositando em nós toda a sua confiança possível;
- Votamos quando estamos
escrevendo o nosso projeto para a feira de ciências e acreditamos que ele seja
um bom resultado dos nossos estudos;
- Votamos naquela primeira paixão
da adolescência, e votamos tanto que dizemos: “que seja para sempre”;
- Votamos na escolha de uma
profissão e esperamos que ela nos dê subsídios suficientes para o sustento de
nossas vidas;
- Votamos quando escolhemos nos
casar ou não, ter filhos ou não, viajar ou não, comprar o disco novo do Zeca
Baleiro ou não, dormir até tarde no domingo ou não, enfim, depositamos em tudo
os nossos votos de confiança e esperamos de tudo algo em troca: uma satisfação,
um reconhecimento, uma lembrança... Mas, quando não recebemos nada em troca; ou
quando recebemos em troca o inverso daquilo que esperávamos, nós nos sentimos
traídos! Nos sentimos fracos, impotentes, amargos, de coração partido. Nos
sentimos adoecidos, de modo que a vida acaba se tornando algo sem prazer algum,
nos afundando, assim, no poço da individualidade.
Suponho que estamos
desacreditados da política no Brasil, dentre outras, por conta dos sentimentos negativos que
citei previamente, e se estamos assim, estamos de maneira inconsciente na
maioria dos casos.
Votamos, votamos, votamos,
votamos, votamos, votamos e, mesmo assim, ainda não aprendemos a votar. Votamos
durante a vida inteira e não aprendemos a votar. Deveríamos ser profissionais
nisso, gente!
Não aprendemos a votar porque
estamos inseridos num meio que, em vez de complicarem os votos, eles complicam
as eleições. O que está complicado, no final, não são os votos, mas as eleições.
Há de me perguntar: Mas de qual
eleição você fala? Eu falo daquela eleição que pensa nos outros! Eu falo da
eleição que pensa na comunidade antes de pensar na individualidade! Falo da
eleição que está desesperadamente querendo eleger o bem-estar, a harmonia e o
amor! Essa é a eleição oposta à eleição da vaidade! É oposta à eleição ego! É
oposta à eleição do orgulho.
Mas não se sinta perdido, mesmo
se tiver em apuros. Por mais que pareça utópico não se sinta perdido porque há
uma solução!
Não pense que em outras épocas
tenha sido fácil! Não! Não foi! Sem voltar muito tempo, vamos no século XVI
lembrar dos corpos que foram sacrificados na luta política que resultou na
Reforma da Igreja Católica; Vamos nos lembrar de quantos escravos no Brasil e
pelo mundo afora foram derrubados em busca da liberdade; vamos nos lembrar dos
milhões de pessoas que sofrem no Oriente Médio; vamos nos lembrar de quantas
mulheres, homens, idosos e crianças foram exterminados na Alemanha nazista;
vamos nos lembrar do povo negro e pobre que morre até hoje no Brasil por conta
da cor de sua pele e da sua classe social; vamos nos lembrar daqueles que vivem
sem-terra e são massacrados como foram em Eldorado e como foram em Santa Lúcia...
vamos nos lembrar...Vamos nos lembrar que nós somos parte de um experimento
social chamado mundo e que esse mundo é um movimento, ora constante, ora
acelerado, mas que nunca está inerte e por isso devemos segui-lo e seguir não
significa aceitar a tudo aquilo que nos é imposto!
Vamos nos lembrar que em cada
corpo derrubado, em cada vida sacrificada, em cada sonho eliminado sempre
existiu o interesse de alguém que estava buscando soberania, que estava
buscando ser o dominador, que estava buscando o pior dos males: o lucro!
Principalmente desde 2016 vivemos
tempos sombrios aqui no Brasil. Antes disso, porém, boa parte do nosso
jornalismo se comprometeu a mentir publicamente, confundindo nossas cabeças por
interesses que não são nossos, mas, por ser o resultado do trabalho
jornalístico uma espécie de pedagogia aos populares, nos colocamos como servos
desse material e suas inverdades que são no mínimo covardes. Que são
covardes...
Um chefe no EXECUTIVO NACIONAL,
um PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL que não recebeu um voto sequer
para estar lá! E se ele recebeu votos como muitos dizem, pois era o
vice-presidente de uma chapa, que ele tivesse saído junto com a presidenta que,
a saber, foi eleita por mais de 54 milhões de votos – votos conscientes ou não,
mas foi o que de fato aconteceu!
Essa saída dele não foi possível.
E por quê? Porque o PMDB e seus aliados tinham um plano! Tinham e ainda têm! Um
plano que coloca o povo brasileiro na condição de escravidão novamente. Uma
escravidão moderna, atual. Uma escravidão que eles dizem ser a modernização das
Leis Trabalhistas!
Se pensarmos cronologicamente,
tomando como base a Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943 e a Constituição
Federal de 1988, ambos os instrumentos jurídicos que tratam de Direitos do
cidadão e do trabalhador, certamente estão modernizando quando modificam esse
instrumento jurídico em 2017. No entanto, EM HIPÓTESE ALGUMA, essa modernização
em termos cronológicos, temporais, significa que seja uma modernização que
traga benefícios ao povo!
Um EXECUTIVO FEDERAL liderado por
Michel Temer, denunciado pela Procuradoria Geral da República por corrupção
dado o recebimento de propinas astronômicas desde 2010 e, mais recentemente, a
famosa mala da JBS que continha 500 mil reais. Que tipo de representação essa
liderança traz para o povo do País se ela mantém laços estreitos com o bloco
empresarial de maior influência do Brasil?
Um EXECUTIVO FEDERAL que remaneja
membros da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados Federais
para que ela vote favorável um parecer que, dias antes, teria sido considerado
válido por Sérgio Zveiter (integrante do mesmo PMDB) e tratava do reconhecimento
e seu envolvimento direto com a JBS e o recebimento de propinas...
Um EXECUTIVO NACIONAL que
encomenda Projeto de Lei que trata da terceirização da mão-de-obra; que
encomenda Projeto de Lei que Reforma o Ensino Médio; um EXECUTIVO NACIONAL que
encomenda Projeto de Lei que trata da Reforma Previdenciária já tão cara aos
trabalhadores e trabalhadoras desse país; um EXECUTIVO NACIONAL que distribuiu
emendas parlamentares que, somadas, chegam na casa dos BILHÕES de reais, tudo a
fim de aprovarem o texto da REFORMA TRABALHISTA e concluírem o pacto feito
junto à FIESP e outras grandes bolhas da concentração de capital...
Muitos os chamaram e ainda os
chamam de MALUCOS COMUNISTAS, no entanto, pergunto: será que Marx e Engels
estavam mesmo malucos quando denunciaram em 1848 no MANIFESTO que “o governo moderno seria um
comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa”? Se eles
estavam malucos, se eram malucos, isso não me importa, sinceramente. Não me
importa porque não vejo NENHUMA FALHA NO DISCURSO DELES quando disseram que “o
governo moderno seria um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe
burguesa”!
A aristocracia do serviço público
federal brasileiro consome tanto recurso financeiro que, somente para o orçamento
relativo ao pagamento de pessoal em 2017 na escala Federal, o governo terá
disponível nada mais nada menos que 306 bilhões e 900 milhões de reais. Se
pegarmos todo esse dinheiro e dividirmos pela população brasileira hoje, digo a
população GERAL, INCLUSIVE AQUELES E AQUELAS QUE AINDA NÃO TRABALHAM E NEM
ESTÃO PERTO DE TRABALHAR DADA SUA IDADE, teremos o valor individual de 1477
reais e alguns centavos. Ou seja, se pegarmos o gasto da aristocracia do
serviço público federal teremos dinheiro o suficiente para depositar 1477 nas
mãos de cada popular desse país. Segundo os dados do IBGE no censo de 2010, em
média, cada domicílio é composto por 3,3 brasileiros. Cada família receberia,
então, algo em torno de 4.874 reais, valor que significa mais do que 5 salários
mínimos atualmente.
Calma, essa conta ainda não
fechou. Os 306 bilhões e 900 milhões de reais é o orçamento designado para
pagar cerca de 2 milhões e 200 mil funcionários, o que significa,
aproximadamente, 10% da população TOTAL DO PAÍS. Os dados são do Boletim
Estatístico de Pessoal, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
divulgados em 2016. Desconsiderando os serviços terceirizados, por exemplo,
sabe quanto custaria cada membro do serviço público federal por ano? Pasmem:
139.500 reais (parece ser pouco, mas aqui eu estou considerando TODOS OS
FUNCIONÁRIOS E NÃO SOMENTE OS POLÍTICOS). Considerando o salário mínimo atual
de 937,00 reais, sabe quanto tempo um trabalhador que recebe um salário mínimo
levaria para somar a quantia de 139.500 reais (e aí não considerando nenhum
gasto)? Aproximadamente 149 meses. Em anos? Aproximadamente 12 anos e meio.
Senhoras e senhores, essa conta
está errada! Não é possível que o valor de um funcionário público federal por
ano seja o mesmo que custa um trabalhador comum por 12 anos e meio! Existe um
déficit de 11 anos e meio entre 205 milhões de pessoas (aqueles que não são
funcionários públicos federais) versus 2.2 milhões de outras pessoas (que são
os funcionários públicos federais).
Que este não seja um clamor para
o enfraquecimento do Estado, mas que o Estado seja transformado numa estrutura
que beneficie TODOS na MESMA PROPORÇÃO!
Não aceitemos o sucateamento dos
nossos direitos!
Que os próximos episódios sejam
regados pela vitória do povo.
Que nós saibamos votar com os
sentidos e não com os olhos.
Que aprendamos a amar ao próximo.
Eu sou Diego Muniz, um humilde
poeta e estudante de Ciências Sociais.
Fico por aqui.
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