domingo, 18 de março de 2018

FAVELA: nossa mistura.

É melhor tirar o seu cavalinho da chuva, pessoa covarde, porque aqui não vamos criticar a favela e os seus habitantes.

Na verdade, o objetivo é desconstruir o seu discurso fétido, mentiroso e cruel contra todo tipo de favela.

Que você tem ódio isso não é novidade alguma, e por isso mesmo vamos falar na sua linguagem para que, assim, quem sabe, você entenda.


Primeiro, pare de falar da favela e do seu funcionamento como se você entendesse dela! O máximo que você pode fazer é criar hipóteses e se aproximar de um fenômeno ou outro.

Segundo, pare de adjetivar o que acontece na favela e quem vem de dentro dela: você será infeliz sempre que tentar caracterizar o nosso modo de vida!

Terceiro, olhe para o seu apartamento vizinho e veja que não seria nada incomum você encontrar gente violenta, criminosa e covarde: a diferença é que o seu vizinho sempre teve a condição de escolher entre isto ou aquilo.

Quer saber como é a favela? Nasça dentro dela, more dentro dela por vários anos seguidos, conheça os moradores da favela, saiba o nome das pessoas mais antigas, sinta a solidariedade que é exclusivamente típica a este local.

Doar ou emprestar uma xícara de açúcar e um botijão de gás aqui não é hipocrisia, mas sim sinônimo de uma legítima preocupação com o próximo.

Pegue o seu discurso de intervenção e leve para dentro do seu condomínio. Tenho certeza que, se investigados, desembargadores, juízes, delegados e outros sujeitos especiais e idolatrados por vocês seriam presos e pagariam o preço da punição pelo cometimento de ilícitos cruéis.

Falar de intervenção para a favela é fácil: não é você que terá a sua casa invadida, vasculhada; não é você que corre o risco de ter a sua mãe, esposa e filha estuprada; não é você que terá de assistir a cena em que o seu pai ou o seu irmão serão torturados porque estão desempregados e não têm o ensino superior e nem um magistratura na conta.

Você é um insensível, e pessoas insensíveis são más, desprezíveis, arruinadas!

Promova intervenção no seu condomínio e a mesma maconha que você critica será encontrada em peso, não só um "baseadinho", mas em quantidade o suficiente para lucrar bastante entre os boys and girls da high society.

Não me venha falar que na favela tem gente que não presta: esse território, meu compadre, é aquilo que foi deixado de lado há anos, muitos anos; a sua reivindicação, portanto, é pífia!

Tá pensando que aqui temos leite Parmalat e queijo gorgonzola? Rola, de vez em quando, uma mussarela e olhe lá! Então, não venha nos apontar dedinhos porque não sabemos falar francês ou alemão e os garfos do seu restaurante nos são estranhos!

Tá pensando que aqui a NET chega sem que a fatura nos preocupe? Está muito enganado! A net gato que rola aqui é de propriedade do seu vizinho, esse sonegador de impostos e pagador de baixíssimos salários, fato que nos impede de pagar a mesma assinatura que você!

E não venha nos ofender enquanto estiver nos atendendo na UPA ou no TRT: você acha que não queríamos estar trabalhando assim como vocês? O problema é que na nossa escola não tinha merenda, professores e nem ar condicionado. Motorista e viagem aos EUA como intercâmbio, então, nem pensar!

Pegue a sua moral e distribua entre os seus pares, todos sinônimos, porque para a favela isso não passa de falsidade.

Não me venha falar de favela se você nunca precisou temer chegar em casa; não me venha falar de favela se você nunca se envergonhou de levar seus amigos na sua casa porque o almoço era contado; não me venha falar de favela se na sua casa a parede ou o telhado nunca foram perfurado por tiros de fuzil!

Tá pensando que gostamos de viver aqui? Então troque de lugar conosco e veja seus amigos morrendo, sendo presos ou perdendo o futuro para o álcool e para a droga!

Quer mesmo falar de favela? Então pegue essa sua boca suja e limpe-se desse mau-caratismo antes de falar o nosso nome; seja um antropólogo honesto; viva conosco; se esconda da bala perdida junto conosco; sofra violência do Estado junto conosco. Aí, quem sabe, você possa começar a pensar o que significa a favela.

O seu projeto social aqui na favela está servindo para obter histórias absurdas que depois serão contadas à mesa de jantar da sua casa ou no boteco do Leblon, modificando em nada a realidade, criando falsas expectativas às pessoas que nunca vão chegar aqui nessa favela!

"Rapá", para falar de favela; seja a favela e não um expectador dela!

Tá pensando que somos invisíveis? Cale-se que sabemos muito bem falar por nós!

Seu mané!

#MariellePRESENTE

sábado, 10 de março de 2018

Como escrever uma Resenha?

Essa postagem versará sobre a construção de uma resenha.

Antes, porém, vamos conhecer quais tipos de resenhas existem, a saber:

-Resenha Crítica;
-Resenha Descritiva.

Há quem diga que toda resenha é crítica e há quem diga que não. Enfim, sobre isso falaremos em uma próxima postagem, pois o que nos interessa aqui é falar sobre a resenha comumente utilizada nas escolas e universidades: a resenha conhecida por Resenha Crítica.

Toda resenha possui uma ESTRUTURA. Essa estrutura se divide basicamente em duas partes:

-Elementos pré-textuais;
-Elementos textuais.


1. ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

Os elementos pré-textuais podem ser entendidos como tudo aquilo que for escrito antes do texto da resenha em si.

Por exemplo:
- Título da resenha;
- Identificação do autor da resenha;
- Identificação e fonte da obra resenhada etc.


2. ELEMENTOS TEXTUAIS

Os elementos textuais da resenha podem ser entendidos como tudo aquilo que for escrito depois dos elementos pré-textuais. 

E, o que escrever na resenha?

2.1. SÍNTESE DA OBRA ORIGINAL

Primeiro é importante começar descrevendo a obra que está sendo resenhada.

Exemplo: 

"O presente estudo apresentará o primeiro capítulo da obra Conhecimento, esforço da produção do Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas, José Dettoni. A obra é o 13º livro do autor e foi publicada pela Editora Dinâmica, em Porto Velho, no ano de 2017."

Esse seria um primeiro parágrafo de introdução. Dessa forma, ficaria fácil ao leitor identificar qual é a obra citada e quem é o autor de tal obra.

Em seguida, a sugestão é que escrevamos sobre a obra em si.

Exemplo:

"O trabalho analisado neste capítulo citado é uma apresentação detalhada dos tipos de conhecimento possíveis que, segundo o autor, possuem critérios de distinção e se distribuem na obra, em subunidades, da seguinte maneira: 1.2 – Conhecimento Empírico; 1.3 – Conhecimento Mitológico; 1.4 – Conhecimento Científico; 1.5 – Conhecimento Técnico-Tecnológico; 1.6 – Conhecimento Matemático; 1.7 – Conhecimento Filosófico; 1.8 – Conhecimento Teológico; e, segundo a subunidade 1.9 – outros tipos de conhecimento, quais são: 1.91 – Conhecimento Jurídico; 1.9.2 – Conhecimento Artístico; 1.10 – Conhecimento Intuitivo. Para além dos itens citados anteriormente, outras duas darão continuidade ao capítulo um, sendo elas: 1.11 – Tipos de Conhecimento e Graus de Certeza; 1.12 – Religião."

No parágrafo acima estamos complementando nossa introdução com uma espécie de síntese da obra. Esse parágrafo traz referências do que o leitor pode encontrar no texto original, neste caso, o Capítulo 1 da obra Conhecimento.

Ainda na primeira parte dos elementos textuais da resenha, vamos explicar um pouco mais daquilo que o autor nos traz no texto original:

"Os critérios de distinção dar-se-ão pelo objeto e/ou pelo método adotado e/ou utilizado, ou por ambos. Assim, o objeto responderá ao enunciado “de que trata?” – ditará o seu campo de ação, aonde se chega, o seu limite; o método, por sua vez, é a adoção de um percurso, é um processo, um caminho percorrido à descoberta e/ou explicação de algo.
    Dos tipos de conhecimento possíveis, apenas como ilustração do que são (e como são) tratados no trabalho original, elencamos não mais que três deles, de modo que fosse entendida a sugestão do autor, a saber:
  1. O conhecimento empírico que, além de ser o mais utilizado e útil ao cotidiano, é o mais antigo e comum a todas as pessoas: também é conhecido por conhecimento vulgar, ordinário ou comum; é aquele construído na experiência cotidiana da vida humana; não é crítico, estruturado e o seu objeto é indeterminado; seu modo de transmissão é geracional;
  2. O conhecimento mitológico, que também não possui um objeto e um método, sendo este a explicação – ou tentativa de explicação – da realidade (do mundo, da criação, do tempo, da vida, da morte etc.), o qual busca referências na imaginação; são histórias que não resistem a questionamentos mais críticos e aprofundados, mas que têm alguma sustentação racional; o mito possui base na realidade geográfica, local ou regional; como a religião, busca referência no sobrenatural para dar explicações, no entanto, diferem pelo poderio de crença, de fé;
        3. Em seguida, como último exemplo,            versando sobre o conhecimento                    científico, o autor se divide em duas              explicações: uma que prevê o sentido antigo (ou amplo), até o fim do século XV, que era organizado, tinha um objeto próprio e um método específico; outra mais atual, a partir do fim da Idade Média, sendo a responsável por desenvolver técnicas (tecnologias) capazes de dominar a natureza. O conhecimento científico é estruturado, possui objeto e método: o objeto são os fenômenos naturais, isto é, tudo aquilo que pode ser observado; seu método é a combinação entre observação do fenômeno, construção de hipótese, experimentação e conclusão."

Percebam que até aqui eu ainda estava na primeira parte da resenha, isto é, até aqui eu não emiti uma opinião minha. Ao contrário, até aqui precisamos ser fiéis ao texto original.

2.2. ARGUMENTOS RACIONAIS/CRÍTICA EMBASADA

Agora vamos começar a desenhar o que chamamos de crítica. 

Ela pode ser positiva, ou seja, ela pode concordar com o autor e apontar argumentos embasados e racionais que falem mais um pouco sobre a obra e o que ela nos representa.

Por exemplo:

"A descrição de cada subunidade trazida pelo autor é capaz de explicar, de maneira minuciosa e pragmática, os objetos, os métodos, as características e cada uma das funções dos diversos tipos de conhecimento. Assim, exemplifica de modo clarificado como podemos utilizar o conhecimento em determinada área, a partir de determinado objetivo e a possibilidade de obtenção dos respectivos resultados. Em outras palavras, o trabalho prevê a caracterização do conhecimento, exposta no trabalho (pp. 52-53) em um quadro ilustrativo bastante prático e de valiosa utilidade.
    Fica evidente no trabalho a exposição sobre a diferenciação entre um tipo de conhecimento e outro e, por isso, de maneira didática, torna-se possível o domínio de cada um dos tipos de conhecimento possíveis. Portanto, é uma análise atual, de qualidade e que, sem o linguajar sofisticado comumente encontrado nos textos acadêmicos, desvenda uma teoria de cunho fundamental. Ressaltamos, intertextualmente, que a matéria divulgada (no site do UniSL) pela Assessoria de Imprensa do Centro Universitário São Lucas no dia 05 de Setembro de 2017 expressa, como disse o próprio autor, que vivemos a era do conhecimento, e usá-lo com sabedoria, para o bem, é um desafio educacional.
    O capítulo é orientado pela vontade do saber, pelo desejo apaixonado ao conhecimento, pelos sentidos dados às palavras que são capazes de transformação quando praticadas em consonância aos diversos contextos aplicáveis. Logo, a nossa conclusão não poderia ser diferente senão aquela em que descrevêssemos aqui os votos pela recomendação da literatura trabalhada, justamente pela oferta de ferramentas possíveis, reflexivas, altamente indispensáveis ao indivíduo que caminha na busca da superação do status quo, do combate ao senso comum como verdade última, imutável e fiel."

Percebam que nessa segunda parte da obra eu apresentei opiniões minhas e trouxe referências intertextuais. 

Aqui eu entendi que a obra é útil, de fácil compreensão e por isso eu recomendaria.

Encaminhei o meu texto com uma conclusão sugestiva, com base em argumentos simples, porém, aceitáveis. 

Por fim, essa é uma resenha.

Espero ter ajudado.

Beijos de luz.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO BRASIL?

A crise na Segurança Pública do Rio de Janeiro (e no Brasil) não é novidade alguma. Aliás, nunca foi novidade alguma que a Segurança Pública de países subdesenvolvidos sempre esteve em crise.

Países subdesenvolvidos são territórios explorados pelo grande capital e pela ideologia dominante que prevê o acúmulo de riquezas a um custo baixíssimo. Assim, esta ideologia dominante prioriza o controle social a partir da precarização da qualidade de vida dos indivíduos. 

E como isso se dá?

Principalmente a partir da ausência de oferta dos serviços fundamentais à vida, como: educação, segurança, saúde, desenvolvimento social e uma equilibrada distribuição da renda.


Sem educação a comunidade se desconhece, fica privada de interpretar o seu cotidiano e se relaciona a partir das máximas do senso comum; sem segurança, esta limitada pelo cenário caótico que a desigualdade social promove PR consequência, entende a comunidade que a preservação da vida se dê a partir do conflito violento em vez do possível conflito de ideias: compra a comunidade o pensamento de que a violência só teria fim com mais violência; como da comunidade sem saúde, adoecida física e psicologicamente, não consegue dosar suas ações e apela ao desespero; sem políticas de assistência social, fica abandonada a população, sobretudo aquela mais carente, não enxergando no futuro uma chance sequer; sem renda equilibrada, margeia a miséria e sobrevive com o mínimo possível, com aquilo que é suficiente apenas para prover o sustento insuficiente às suas famílias.

Não é nenhum absurdo afirmar que todo esse cenário seja programado: somos gerenciados por uma elite que precariza os serviços básicos e lucra muito por isso, sobretudo pela sustentação que garantem em seus pactos entre políticos e grandes empresários.

A atuação destas lideranças políticas e empresariais, atualmente, ultrapassa todos os limites possíveis: culpando o cenário da segurança no Rio de Janeiro, institui uma intervenção federal a fim de "limpar" o estado. Mentira!

O Rio de Janeiro, para ser "limpo", precisa prender primeiro os bandidos mais perigosos que estão livremente atuando no estado: sem receios, o Governador Pezão, o Prefeito Marcelo Crivella, parte das lideranças religiosas e quase que a totalidade da Câmara dos Vereadores e da Assembleia Legislativa.

Em ação conjunta, é preciso que um elevado número de empresários também sejam detidos, pois muitos deles estão envolvidos em esquemas como aqueles que ofertam propinas astronômicas aos parlamentares que atuam em favor dos seus grandes negócios.

Há uma crise na segurança, mas há uma crise maior que é a crise de assunção de responsabilidades por parte do Governo. Ele está viciado em não respeitar o que está garantido na Constituição; está viciado com a ideia de impunidade em suas práticas ilícitas; está viciado porque nós, o povo, viciados ante por eles, estamos viciados em viciá-los.



É um triste cenário, qual tem produzido inúmeras vítimas, uma extensa maioria inocente que, sem perspectivas, estão perecendo diariamente. 

Estão forjando o Rio de Janeiro, pois casos de e violência como o que temos visto existem há décadas e todos fecharam os olhos para tal situação, atuando sempre com paliativos, com o mínimo do mínimo para se justificar. 

Querem confundir o povo ainda mais e garantir mais tempo no poder, mais tempo na obtenção de vantagens, mais tempo de exploração daqueles que já respiram por aparelhos. 

O Rio de Janeiro entrará em colapso total a partir desta intervenção, qual será responsável pela criação de milícias em todos os cantos,  pela opressão da mídia, pelo silenciamento de universidades progressistas e professores da mesma corrente. 

Quem ganha é a elite que, segura pela arbitrariedade do exército armado, poderá retirar nossos direitos sem que possamos reagir.

Escolher um lado é fundamental, sobretudo pela defesa da liberdade, da democracia e da garantia da dignidade humana.

Que o bom senso nos motive; que o medo não nos acovarde; que o poder, como diz a Constituição Federal, emane do POVO e o POVO vença!


Por Diego Muniz.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

REBELIÃO NO RIO DE JANEIRO

Apenas dois dias após o pronunciamento da intervenção federal por parte das Forças Armadas no Rio de Janeiro, estoura o primeiro artefato que já coloca em risco uma parcela da sociedade.

Imagem dos detentos feita pelo helicóptero da PMERJ.

Segundo nota divulgada pela SEAP-RJ, quatro agentes estão como reféns no presídio Milton Dias, em Japeri, na Baixada Fluminense.

Segundo informações da própria SEAP, os detentos tentavam fugir no início dessa noite (18/02) mas foram  impedidos pelos agentes e, por esse motivo, deflagram uma rebelião. Diz ainda a nota divulgada que os detentos estão armados. 

A unidade Milton Dias é uma das 54 unidades prisionais do Estado, e como todas as outras 53, passa por problemas de superlotação. O Rio de Janeiro tem hoje mais de 50 mil detentos, quando os seus presídios comportariam pouco mais de 20 mil.

A SEAP acionou a Polícia Militar, que já está no local, inclusive com os Batalhões de Choque e o de Operações Especiais. 

O fracasso da SEAP se dá pela precarização do trabalho que ela desenvolve, que segundo o sindicato dos agentes penitenciários está carente de pessoal. 

Fracassada também se mostra essa agenda da intervenção, qual vai "brincar" de cuidar da segurança, sem ter capacidade para isso, justificando suas ações excessivas em necessidades urgentes que podem ser resolvidas caso uma gestão séria assumisse o Executivo deste Estado. 

O clima no Rio de Janeiro se mostra tenso, frágil e bastante hostil desde o pronunciamento da assinatura do Decreto de intervenção federal no último dia 16/02.

Os próximos episódios podem não ser nada satisfatórios, sobretudo porque o PCC acaba de perder o seu 3° homem na hierarquia, fato que pode configurar em represálias por parte da facção.

Não estamos vivendo dias de paz, e isso pode piorar e muito!

O melhor que fazemos é nos previnir!

Por Diego Muniz.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

AMOR À PÁTRIA: morre mais quem por ela mata.

Amar à Pátria virou moda: vestimos este amor quando estamos em determinado grupo, em determinado espaço ou representando algum papel. Logo mais, na presença do nosso próprio "eu", quando estamos "sozinhos", mostramos o nosso verdadeiro lado: jogamos lixo nas ruas, furamos fila, não devolvemos o troco em excesso, avançamos o sinal vermelho, desejamos o mal...


Estamos aprendendo mais a nos comportar como juízes do que como seres humanos. Julgar, antes mesmo de ser entendido como uma questão de extrema seriedade, tem sido entendido como uma condição de vida ao sujeito: é como se julgar o outro fosse a garantia de manutenção da nossa liberdade.

Errado! O julgamento (o julgamento social), quando praticado por não juízes ou não juízas, tende a viciar o sistema judiciário: ele se aproveita da nossa incapacidade de generosidade ao próximo e excede os seus próprios limites julgando somente àquilo que lhe interessa.

Ser um bárbaro, segundo a etimologia da palavra de origem grega, significa "aquele que é estrangeiro", "aquele que não sabe a língua da cidade". Bárbaro, para nós, significa aquele que pratica absurdos, como crimes horríveis contra a vida.

Ouso dizer que temos sido os dois tipos de bárbaros: ora somos estrangeiros do nosso próprio meio, e por isso mesmo não entendemos a língua do nosso contexto, para em seguida, tão logo, praticarmos excessos como a disseminação do ódio e a prática de violência.

Temos amado pouco - e não nos restam dúvidas disso! Publicamente temos amado muito, tanto, desesperadamente em excesso; na intimidade temos detestado, estamos sendo hostis e desprezíveis - estamos apaixonados pela falsidade. Colocamos a culpa no amor, no zelo, na ausência de controle por tanto descaso com a vida - estamos em crise.

Existem contextos em que já nascemos em clima de conflitos, altamente violentos e, nestes, há mais vítimas do que culpados; em outros, tudo é mais digerível, poucas dificuldades e poucos problemas: nestes, somos praticantes dolosos da nossa insatisfação com o diferente (somos, digamos, cruéis).

Precisamos valorizar o direito à liberdade que é um direito de todos (concordo)! Mesmo assim, precisamos compreender que a nossa liberdade não pode significar a invasão do espaço alheio.

Somos livres para odiar, para causar problemas, para praticar violências. Quem disser o contrário estará simplificando demais o conceito de liberdade, porque de fato podemos tudo isso o que foi dito no período anterior. Querem uma prova? Agora, neste instante, o que te impede de quebrar um prato de vidro ou de sentir ódio pelo árbitro que não marcou um pênalti a favor do seu time? Avançando: o que te impede de sair com o carro, acelerar o máximo que puder e colidir na traseira de um outro carro? O que te impede de mergulhar num rio lotado de jacarés? E de saltar de um avião sem qualquer tipo de equipamento? Na hipótese de que você tenha um prato de vidro, torça para um time, tenha um carro, um rio acessível e lotado de jacarés ou esteja a bordo de um avião digo que nada além da tomada de decisão seja suficiente.

Só decidimos nos prejudicar na medida em que estamos cada vez mais adoecidos, mais afastados da sensibilidade da vida e dos aromas contidos na paz. Quando adoecidos, não é incomum que adoeçamos os outros que nos cercam - é quando nos apaixonamos pela infelicidade, pelo pessimismo absoluto, pelo horror que é o medo em aceitar o sucesso das pessoas que têm histórias diferentes das nossas.

É por isso que falamos do amor à Pátria logo no começo e confrontamos esse amor com a nossa capacidade de nos enganar. Este amor é um amor falso na maioria dos casos, e em outras condições ele tem sido doentio.

Como seria possível acreditar naquele que escreve ou diz na mesma frase que "por amor à Pátria é preciso matar", por exemplo? Qual é o amor que mata? Pelo visto, só se ama o desconhecido (ou o diferente) em campanha publicitária ou em ação social!

A tomada de decisão é fundamental para que possamos nos assumir pessoas justas ou perversas! Se você diz que luta por um espaço mais digno, por uma cidade mais justa, lembre-se quantas vezes hoje você já foi indigno ou injusto consigo, com a natureza ou com o próximo até aqui. Lembre-se do lixo nas ruas, do furar fila, do troco em excesso, do sinal vermelho e pense em quantas pessoas já foram atingidas pela sua intolerância.

Amar à Pátria virou moda; moda é  sempre negociável (sempre possui um preço); e comprar sem reflexão é a nossa maior especialidade - levamos o ódio gratuitamente e, demasiado carentes, pagamos para não levar o amor ou pagamos para impedir que ele nos leve.

Somos medidos pela nossa ignorância, não pela nossa compaixão. E, se tenho me envergonhado do ser humano, não é por ausência de um espelho, mas, por cansaço, por desânimo, por ter quase destruído todo o meu repertório de palavras que há tempos anda dizendo: "Mais amor, pelo amor, por amor, POR FAVOR!"

Por Diego Muniz


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A INTERVENÇÃO FEDERAL (MILITAR) NO RIO DE JANEIRO: O PRESSÁGIO DE UMA NOVA DITADURA

Se fôssemos ingênuos a ponto de acreditar em Pezão (Governador do Rio de Janeiro), no Presidente Michel Temer, em Rodrigo Maia (Câmara) e em Eunício Oliveira (Senado), quase TODOS representantes DO PMDB, certamente poderíamos entender o Decreto de Intervenção (Militar) Federal no Rio como uma prática política interessada em cuidar da população.
Mas, nem todo mundo é tão tolo, sobretudo depois da belíssima exposição no carnaval da vice-campeã carioca Paraíso do Tuiuti, que fez questão de resgatar os símbolo golpistas do governo atual. Com Eduardo Cunha já preso há algum tempo (também do PMDB), Rodrigo Maia (DEM) lidera na Câmara a quadrilha parceira do PMDB, que por sua vez recebe todo apoio da liderança no Senado via Eunício Oliveira (PMDB): tudo o que foi encaminhado por Temer (PMDB) tem passado como água em peneira. Pezão (de novo, PMDB), no Rio, apoiado pela quadrilha da Assembleia, segue o mesmo rumo: políticas ofensivas ao bem público, à receita, ao funcionalismo e aos mais carentes de cuidados. Há previsão da "intervenção federal" na Constituição da República e, covardemente, alguns constitucionalistas conservadores e reacionários estão vendendo publicamente que tal previsão é totalmente diferente de uma intervenção militar. Por azar dos constitucionalistas de gabinete, pagos para falar bonito em nome do governo e da ação desesperada que tem o interesse de amedrontar e calar o povo, a nossa memória e a própria História nos mostra que a tal "intervenção federal" é maliciosa, politiqueira e tem os seus mistérios. Estão justificando a medida (o Decreto) na onda de violência que assola o estado do Rio de Janeiro. Na verdade, a onda de violência já é caso antigo e, como bem nos mostrou Padilha em seus filmes Tropa de Elite 1 e 2, ela tem responsáveis engravatados eleitos pela própria população que sempre anda coagida. Interessante é que o governo atual decide tomar tal providência logo em ano de eleição, mais uma prova da ação desesperada, maquiavélica, turva de argumentos sustentáveis que não aqueles implícitos interessados na manutenção do Poder. O povo já tem deixado claro através das diversas ferramentas de comunicação que não elegeria o PMDB ao Executivo Federal, o que causaria problemas de articulação na venda do País para o capital estrangeiro, logo, bagunçaria o favorecimento de alguns mega empresários financiadores das práticas ilícitas que estão saqueando os nossos recursos. A intervenção federal é INTERVENÇÃO MILITAR SIM e os objetivos dela é promover o silêncio e o conformismo! Os nossos veteranos de luta já nos mostraram como superar essa ofensa à sociedade, e por isso nós valorizamos a garantia de liberdade e preservação da dignidade humana. Com intervenção ou não o povo precisa continuar falando, fazendo barulho, sem timidez; precisa desafiar cada vez mais os limites do obscurantismo político e das perversidades de modo a traduzir suas nojentas motivações. Readaptando o que Marx e Engels escreveram tempos atrás: "Povo de todo Brasil, uni-vos!" Por Diego Muniz.

INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO: PANORAMA E CUIDADOS